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XIV EPEL - 2011

Iniciando oficialmente as atividades do NIK-UFPA no ano de 2011, será realizada a Sessão Temática "Linguagem e Existência em Osman Lins", durante o XIV Encontro Paraense dos Estudandes de Letras que acontecerá em Bragança entre os dias 23 e 27 de Fevereiro. A sessão contempla novos trabalhos dos pesquisadores a partir da obra de Osman Lins. Abaixo, seguem os resumos da Sessão e dos trabalhos a serem apresentados:

SESSÃO TEMÁTICA


LINGUAGEM E EXISTÊNCIA EM OSMAN LINS



PROPONENTES

            Harley Dolzane, Andréa Gabrielly Araújo Cardoso, Thaís de Nazaré Sarmento da Silva,  Andréa Jamilly Rodrigues Leitão e Mayara Lopes de La-Rocque, todos alunos da Faculdade de Letras da UFPA e pesquisadores do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem, coordenado pelo Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz, do Instituto de Letras e Comunicação da UFPA.


APRESENTAÇÃO

            A presente Sessão Temática se constitui de comunicações sobre cinco obras do pernambucano Osman Lins (1924 – 1978), reconhecido pela crítica como um dos mais decisivos autores da literatura contemporânea. As narrativas a serem interpretadas, por cada um dos cinco comunicantes, são quatro contos do livro Nove, Novena (1966), e o romance Avalovara (1973).
            A realização literária de Osman Lins se notabiliza por um caráter altamente experimental, que conduz a arte de narrar à ruptura com os tradicionais modelos realistas e naturalistas de nossas Letras. Sua obra é representante do que poderíamos chamar de modernidade literária, que se caracteriza pela consciência, incorporada à própria dinâmica do texto, de que a linguagem não é mero veículo de expressão de conteúdos, mas a instância em que o real, em que as coisas e seus significados são construídos. Ao leitor que dialoga com a literatura osmaniana, é facultada a percepção de que não é com a linguagem – como se ela fosse um mero instrumento de comunicação –, mas na linguagem, que as coisas alcançam significado.
            Nas obras de Osman Lins, principalmente a partir de Nove, Novena, em que se intensifica o experimentalismo literário, não se expressa nem a subjetividade do autor nem se persegue uma falaciosa objetividade das coisas. Retirando-se da polaridade sujeito x objeto, a linguagem vem para o proscênio da experiência literária, mediante construções narrativas que não são meras novidades formais. Como pretendem demonstrar as comunicações ora propostas, o modo como as narrativas a serem interpretadas são construídas constitui um questionamento radical sobre a existência e o lugar do homem no mundo. O que se pretende com as comunicações é fomentar o diálogo e a pesquisa a respeito de uma obra que ainda permanece pouco divulgada em nossa região.
            A Sessão Temática ora proposta, que será mediada pelo Professor Antônio Máximo Ferraz, terá o roteiro a seguir: 10 minutos para a abertura da Sessão pelo mediador; 1 hora para as primeiras três comunicações (20 minutos cada comunição); 10 minutos para debates; 15 minutos de intervalo; 40 minutos para as duas comunicações restantes (20 minutos cada comunicação); e 10 minutos para debates e encerramento. A Sessão Temática totaliza, assim, 2 horas e 25 minutos.



COMUNICAÇÃO 1


O VOO DA CRIAÇÃO LITERARIA:
A TESSITURA DOS ELEMENTOS DA NARRATIVA EM AVALOVARA, DE OSMAN LINS.

Harley Farias DOLZANE (UFPA)[1]

RESUMO

            A pesquisa busca uma abertura para compreender o sentido da obra literária imbricada no mistério da criação artística. Para tanto, pretende verificar e interpretar a maneira específica da tessitura dos elementos da narrativa em Avalovara (1973) de Osman Lins, a fim de percorrer questões fundamentais que subjazem no revestimento conceitual instaurado ao longo da modernidade literária. Em Avalovara, o leitor é encaminhado a um pensamento originário que resgata a instância poética da prosa, projetando o fazer artístico em uma dimensão mítica que é linguagem acontecendo em seu silêncio. Dá-se uma “desnaturalização” da narrativa a partir da construção que o romance faz do Narrador, Tempo, Espaço, Enredo e Personagens, revelados como questões. Neste re-velar, o tecido da obra vai se estruturando a cada leitura como que propondo a todo instante, na costura de cada palavra, na pintura de cada imagem, a indagação sobre o que é o Homem, o que é o Tempo, o que é o Espaço, qual a Ação que lhes anima. Com isso, o romance acaba por indagar o leitor sobre que homem ele é, a que tempo/espaço pertence, e que ação lhe anima. No vigor desse questionamento é que se insere não só o poder criativo da literatura, mas também da própria existência humana, possibilitando a experiência concreta de vôos para além das amarras conceituais e abstrações de cada época.

Palavras-chave: Linguagem. Hermenêutica. Criação literária. Elementos da narrativa. Osman Lins.



COMUNICAÇÃO 2


OS ELEMENTOS DA NARRATIVA
NO “RETÁBULO DE SANTA JOANA CAROLINA”, DE OSMAN LINS

Andréa Gabrielly Araújo CARDOSO (UFPA)[2]

RESUMO
A comunicação que se fará versa sobre o “Retábulo de Santa Joana Carolina”, que integra o livro Nove, Novena, de Osman Lins. Tal narrativa é construída como um retábulo, forma pictórica ou escultórica, em pedra ou madeira esculpida, que se coloca na parte posterior do altar, trazendo imagens que contam a vida dos santos.
Joana Carolina, a protagonista, tem a sua vida apresentada, do nascimento à morte, em doze Mistérios. Em cada um deles, há um acontecimento marcante, que evidencia a trajetória exemplar da personagem.
Assim como na forma artística do retábulo, os eventos narrados não obedecem a uma linearidade. Eles são apresentados de modo simultâneo, fundindo passado, presente e futuro. O objetivo desta comunicação é percorrer os elementos que compõem a narrativa, verificando a forma diferenciada com que são construídas no texto.

Palavras-chaves: Retábulo. Mistérios. Misticismo. Santa. Tempo.
 
COMUNICAÇÃO 3


“NOIVADO”, DE OSMAN LINS:
REFLEXÕES SOBRE O SER-PARA-SI E O OUTRO NA DINÂMICA DO TEMPO

Thaís de Nazaré Sarmento da SILVA (UFPA)[3]

RESUMO

              A narrativa “Noivado”, de Osman Lins, integrante da obra Nove, Novena (1966), evoca o pensamento sobre a questão da liberdade existencial a que somos dispostos. A liberdade para construção do nosso percurso existencial é a própria condição de nossa existencialidade. A busca de sentido para o real que nos dispõe é a abertura poética para o mundo. A poética de Osman Lins, nessa narrativa, incita-nos a pensar o ser-no-mundo que é o homem, em busca da realização existencial, da realização do sentido das coisas, projetos, ações, pensamentos. Realizações que por ora escolhe e às quais valoriza, fazendo, assim, o seu destino, no decurso do tempo, sem, contudo, estar isento dos enganos, sobre as coisas e sobre si mesmo. Ao perceber o engano, é possível mudar, se o homem puder se permitir essa mudança – é possível compreender que o real está sendo e que o homem está sendo também, e é do próprio homem a responsabilidade pelo que faz de si mesmo.
             A narrativa traz a estória de Mendonça e de Giselda, personagens que constituem um noivado de 28 anos, mas que têm suas vidas separadas pelas escolhas que fizeram nesse percurso. A busca de ser o que se é – no caso de Mendonça, a sua vida, profissional, social, afetiva – foi uma escolha pela plenitude no isolamento, ensimesmando-se nas veredas do tempo e negando-se a compartilhar suas experiências e sentidos com o outro, fossem os amigos do trabalho ou um relacionamento amoroso que pudesse fecundar sua vida, preenchendo-a de sentido, como acontece com aqueles que se deixam acolher pelas relações amorosas salutares, nas quais Eros purifica a alma. Giselda também tem que escolher por si, cuidar de si, porém seu olhar está voltado à Mendonça e não a si mesma. O “noivado” entre os personagens pode ser lido como metáfora de um noivado do próprio homem com seu destino, como um espaço de tempo no qual buscamos nos fazer a nós mesmos. Tempo de plantar.
            O empenho dessa comunicação será o de propor o diálogo entre a narrativa “Noivado” – no que tange às questões da liberdade e da consciência do outro, na dinâmica do tempo – e o texto O existencialismo é um Humanismo, de Jean Paul Sartre, que versa sobre as mesmas questões suscitadas em Lins, porém em linguagem filosófica, tratando do Ser-para-si, da liberdade e do outro. Ressaltaremos, ainda, como os elementos composicionais na obra de Osman Lins extrapolam a tessitura tradicional das narrativas naturalistas e realistas, ao evidenciar a realidade da linguagem na trama poética. Em razão da própria construção da narrativa, um enredo aparentemente simples se expande, convocando o leitor a fazer o percurso sobre o sentido das questões que o texto evoca, e que compõe o complexo horizonte poético de Lins.

Palavras-chave: Osman Lins. Ser-para-si. Outro. Liberdade. Tempo.





COMUNICAÇÃO 4


A MARCHA TRÁGICA DO HOMEM PELA EXISTÊNCIA:
“PENTÁGONO DE HAHN”, DE OSMAN LINS

Andréa Jamilly Rodrigues LEITÃO (UFPA)[4]

RESUMO
“Pentágono de Hahn” é a terceira das nove narrativas que compõem a obra Nove, novena (1966), do escritor pernambucano Osman Lins. Esta obra moderna e vanguardista rompe com o modo tradicional de narrar, apresentando um alto grau de experimentalismo que se manifesta na dissolução da linearidade, na temporalidade em crise, na tendência ao apagamento do narrador, no uso de símbolos gráficos para representar personagens, na presença de monólogos interiores, no questionamento do ato da escrita.
     A narrativa centra-se na elefanta Hahn, que estabelece um elo sagrado e originário entre cinco personagens, cujas experiências existenciais estão intrinsecamente interligadas pelo animal: o celibatário, a criança e seu papagaio, a senhora idosa, a jovem e seu amor incompreendido, o homem e suas lembranças. O entrelaçamento das cinco personagens em torno do animal faz aparecer, assim, a figura geométrica de um pentágono. Cada personagem, identificada pelo seu respectivo símbolo, assume a voz narrativa em primeira pessoa, meditando sobre acontecimentos de suas vidas, que giram em torno da chegada de Hahn com o circo à cidade.
Na comunicação, propomo-nos a acompanhar como a narrativa figura a marcha trágica pela existência, em que o homem, livre e irremediavelmente entregue ao mundo e suas questões, depara-se com a finitude e com a sua condição fatal de estar entre as coisas, a elas tendo de conferir sentido, em meio a contradições: o celibato e a realização amorosa plena; o mundo infantil e o mundo adulto; a pressão social e o desabrochar do amor independente da idade; a recordação do passado e a exigência imediata do presente.
Acompanharemos, também, como a narrativa “Pentágono de Hahn” realiza uma vasta reflexão acerca da própria prática da escrita enquanto (des)velar de sentidos, uma vez que a potencialidade criadora da linguagem impulsiona vitalmente a revelação e a transfiguração de realidades.

Palavras-chave: Trágico. Modernidade literária. Osman Lins. Nove, novena.





COMUNICAÇÃO 5


“UM PONTO NO CÍRCULO”:
A UNIDADE DA LINGUAGEM NA NARRATIVA DE OSMAN LINS

Mayara Lopes de LA-ROCQUE (UFPA)[5]


RESUMO

            Na narrativa “Um ponto no círculo”, da obra Nove, Novena (1966), de Osman Lins, abre-se um quadro de uma pintura ornamentada pelos ares do passado, de mulheres com seus longos cabelos, adereços e vestígios seiscentistas; de plantas, musgos e madeiras do século antigo, mas que ainda permeiam o corpo denso de uma pensão. Esta pensão é o cenário de um jogo amoroso entre um homem e uma mulher, personagens que não têm nomes, mas que são vivos em cores, em gestos e em fluxo de consciência, que, por sua vez, retomam, recorrentemente, as formas e as fulgurações do próprio acontecer existencial do texto.
            Em tom onírico, no texto o sentido do Real é questionado. Sabendo-se que este se mostra como uma Questão, sempre velando a sua realidade, em cada linha da narrativa ele pode ser refletido em vários ângulos de múltiplos espelhos de significados, nunca chegando a uma reflexão conceitual pronta e comedida. “Um ponto no círculo” escapa da forma unilinear da construção literária, e a própria linguagem do texto evoca espaços em que sonho e realidade estão entrelaçados, de tal modo que não se pode mais distingui-los.
            É nesse mesmo acontecer do Real que se expande um círculo entre as personagens e o acontecer do Tempo, que, em suas inúmeras configurações, se revela na força dos extremos: na Geometria e na Desordem, no Múltiplo e na Unidade, na força Feminina e Masculina, no Fluxo da Espiral e do Centro, encontrando, ainda assim, uma unidade existencial. Unidade esta que corresponde ao mesmo apelo em toda multiplicidade do acontecer-no-mundo: ao apelo do Silêncio, da Linguagem, da melodia do Real.
            Dentro dessa perspectiva, o que se pretende na comunicação não é chegar a uma definição, mas, sim, a um caminho da Linguagem na narrativa, em que se revela a integração do caráter ontológico da obra literária com a obra do próprio Ser que somos.

Palavras-chave: Tempo. Existência. Jogo Amoroso. Unidade. Linguagem.


[1]     Graduando do curso de Letras – Língua Inglesa, bolsista PIBIC/FAPESPA, pesquisador do Núcleo Interdisciplinar Kairós - Pensamento da Arte e da Linguagem, participante do Projeto de Pesquisa “O trágico na Modernidade Literária Brasileira”, coordenado pelo Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz, da Faculdade de Letras da UFPA. E-mail: hfdolzane@gmail.com
[2]              Curso de Letras, habilitação em Língua Portuguesa, pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem, participante do Projeto de Pesquisa “O trágico na modernidade literária brasileira”, coordenado pelo Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz, da Faculdade de Letras da UFPA.
[3]                                                                                Curso de Letras Habilitação em Língua Inglesa, bolsista de monitoria / PROEG, pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem, participante do Projeto de Pesquisa “O trágico na modernidade literária brasileira”, coordenado pelo Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz, da Faculdade de Letras da UFPA.
[4]              Curso de Letras – habilitação em Língua Portuguesa, bolsista PIBIC/UFPA, pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem, participante do Projeto de Pesquisa “O trágico na modernidade literária brasileira”, coordenado pelo Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz, da Faculdade de Letras da UFPA.
[5]              Curso de Letras – habilitação em língua francesa, bolsista de monitoria / PROEG, pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem, participante do Projeto de Pesquisa “O trágico na modernidade literária brasileira”, coordenado pelo Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz, da Faculdade de Letras da UFPA.

XVI FÓRUM PARAENSE DE LETRAS - UNAMA 2010

Os pesquisadores do NIK-UFPA apresentaram Comunicações Coordenadas durante o XVI Fórum Paraense de Letras - UNAMA 2010. Maiores informações sobre o evento (clique aqui)


COMUNICAÇÃO COORDENADA
 
PERCURSOS EM TORNO DA POÉTICA DE OSMAN LINS

Apresentadores: Mariana Brasil Hass Gonçalves; Mayara Lopes La-Rocque; Andréa Gabrielly Araújo Cardoso e Décio Jorge dos Reis Santos; Thaís de Nazaré Sarmento da Silva; Édne Wagner Ribeiro Maués; Harley Farias Dolzane (todos são pesquisadores do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem, cujo e-mail coletivo é: nucleo-interdisciplinar-kairos@googlegroups.com).

Orientador: Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz, Faculdade de Letras da UFPA

As comunicações coordenadas propostas, cujos resumos se encontram abaixo, versam sobre a poética de Osman Lins (1924 - 1978). Elas são fruto da pesquisa que o Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem (NIK/UFPA) vem empreendendo no âmbito do projeto de pesquisa “O trágico na modernidade literária brasileira”. O grupo de estudos, cadastrado no CPNq e ligado institucionalmente à UFPA, tem se debruçado sobre as questões suscitadas pelos textos respresentantes da modernidade literária brasileira. As comunicações se organizarão em uma sessão coordenada, tendo como mediador o proponente, coordenador do NIK/UFPA, e orientador de todos os pesquisadores que farão as comunicações. Elas se inserem no subtema Estudos culturais e literários. Uma vez que são seis comunicações (ver abaixo), e cada comunicação terá quinze minutos de duração, acrescidos de cinco minutos para discussões, a apresentação grupal totalizará cento e vinte minutos. O que se espera com a realização das comunicações é fomentar o pensamento em torno da obra de Osman Lins, um dos maiores autores brasileiros de todos tempos, contribuindo para a divulgação e pesquisa do autor em nossa região.

Palavras-chave: Osman Lins. Modernidade literária. Poética da narrativa.

COMUNICAÇÕES:


O TEMPO COMO ELEMENTO TRÁGICO
NO ROMANCE DA MODERNIDADE LITERÁRIA BRASILEIRA

Mariana Brasil Hass GONÇALVES
Curso de Filosofia / UFPA
Licenciada em Letras- Língua Portuguesa / UEPA
Pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem
Pesquisadora do CUMA (Culturas e Memórias Amazônicas)

Orientador: Profº Drº Antônio Máximo Ferraz

__________


PERDIDOS E ACHADOS: OS CAMINHOS DA NARRATIVA EM OSMAN LINS

Mayara Lopes LA-ROCQUE
Curso de Letras Habilitação em Língua Francesa / UFPA
Pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem
Orientador: Profº Drº Antônio Máximo Ferraz


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A CONSTRUÇÃO DO TEMPO NO “RETÁBULO DE SANTA JOANA CAROLINA”, DE OSMAN LINS

Andréa Gabrielly Araújo CARDOSO
Pedagoga pela UFPA
Curso de Letras Habilitação em Língua Portuguesa / UFPA
Pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem

Décio Jorge dos Reis SANTOS
Curso de Letras Habilitação em Língua Portuguesa / UFPA

Orientador: Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz
           

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A EVOCAÇÃO DE EROS EM “OS CONFUNDIDOS”, DE OSMAN LINS

Thaís de Nazaré Sarmento da SILVA
Curso de Letras Habilitação em Língua Inglesa / UFPA
Pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem
Bolsista de Monitoria / PROEG
Orientador: Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz 

_________ 

AVALOVARA: ENCONTROS, PERCURSOS, REVELAÇÕES

Édne Wagner Ribeiro MAUÉS
Curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa / UEPA
Pesquisador do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem
Pesquisador do CUMA (Culturas e Memórias Amazônicas)
Orientador: Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz

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AVALOVARA: O HOMEM E A OBRA DE ARTE

 Harley Farias DOLZANE
Curso de Letras Habilitação em Língua Inglesa / UFPA
Advogado formado pela UNAMA
Pesquisador do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem
Bolsista PIBIC/FAPESPA
Orientador: Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz
 

XVIII SEMAL 2010

A XVIII Semana Acadêmica de Letras da UFPA realizou-se em outubro de 2010. o NIK-UFPA marcou presença responsabilizando-se por uma Sessão Temática sobre a obra de Osman Lins. A Sessão surgiu a partir do desenvolvimento do Projeto de Pesquisa O trágico na modernidade literária brasileira. Durante as apresentações os pesquisadores puderam amaduracer seus trabalhos dando-lhes visibilidade e reforçando, com isso, o diálogo profícuo com a comunidade acadêmica da UFPA.
A seguir, o resumo da Sessao Temática, bem como o dos trabalhos apresentados:


SESSÃO TEMÁTICA
 
PERCURSOS EM TORNO DA POÉTICA DE OSMAN LINS

Proponente: Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz, Faculdade de Letras da UFPA 

A Sessão Temática proposta é constituída de duas Mesas, com três comunicações cada, que percorrem, em especial, a poética de duas obras de Osman Lins (1924 – 1978): Nove, Novena e Avalovara. As comunicações apresentam estudos empreendidos pelo Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem (NIK/UFPA), no âmbito do projeto de pesquisa “O trágico na modernidade literária brasileira”. Coordenado pelo proponente. O grupo de estudos, cadastrado no CPNq e ligado institucionalmente à UFPA, tem se debruçado sobre as questões suscitadas por textos escolhidos da modernidade literária brasileira.
Cada Mesa está agrupada em um eixo. O primeiro eixo reflete sobre a questão do Tempo e o modo como ele é figurado na modernidade literária. O segundo reúne estudos que associam a estrutura narrativa ao modo como as questões são elaboradas pelas obras interpretadas. As comunicações se inserem na área dos Estudos Literários, e o proponente será o mediador das duas Mesas.
O que se espera com a realização das comunicações é fomentar o pensamento em torno da obra de Osman Lins, um dos maiores autores da literatura brasileira de todos os tempos, contribuindo para a divulgação e pesquisa do autor em nossa região.

Palavras-chave: Osman Lins. Modernidade literária. Poética da narrativa.

MESA 1: A FIGURAÇÃO DO TEMPO

Comunicação 1: Mariana Brasil Hass Gonçalves;
Comunicação 2: Andréa Gabrielly Araújo Cardoso e Décio Jorge dos Reis Santos;
Comunicação 3:  Mayara Lopes La-Rocque.

MESA 2: A CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA

Comunicação 1: Thaís de Nazaré Sarmento da Silva;
Comunicação 2: Édne Wagner Ribeiro Maués;
Comunicação 3: Harley Farias Dolzane.

A Sessão Temática terá o roteiro a seguir: 10 minutos para a abertura da Sessão pelo mediador; 1 hora para a primeira Mesa (20 minutos cada comunicação); 10 minutos para debates; 15 minutos de intervalo; 1 hora para a segunda Mesa (20 minutos cada comunicação); e 10 minutos para debates. A Sessão Temática totaliza, assim, 2 horas e 45 minutos.


MESA 1: A FIGURAÇÃO DO TEMPO


O TEMPO COMO ELEMENTO TRÁGICO
NO ROMANCE DA MODERNIDADE LITERÁRIA BRASILEIRA

Mariana Brasil Hass GONÇALVES
Curso de Filosofia / UFPA
Licenciada em Letras- Língua Portuguesa / UEPA
Pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem
Pesquisadora do CUMA (Culturas e Memórias Amazônicas)
Orientador: Profº Drº Antônio Máximo Ferraz

            Na trajetória da humanidade, o Tempo foi instaurado como um modo de representar a sucessão de acontecimentos ou percepções humanas em passado, presente e futuro. Segundo Heidegger, esse perspectiva surge de uma necessidade de temporalizar a existência humana, fenômeno que não é puramente natural. O Tempo, portanto, apresenta-se como uma questão (filosófica) norteadora da realidade, incidindo sobre o Ser histórico e individual. Nas narrativas mais tradicionais, a duração temporal organiza-se linearmente em medidas temporais objetivas, a partir de um princípio de causalidade determinado por meio da regularidade de eventos naturais perceptíveis à observação do homem. O caráter linear das narrativas esteve condicionado pela noção de verossimilhança  entre as vivências interiores e exteriores do homem e da sociedade, como forma de configurar uma representação do Real. Diferentemente, as narrativas modernas são assim denominadas pois nestas o Real é questionado por meio da estrutura narrativa. Isto é, o Tempo não ecoa apenas como temática, mas, sobretudo, como manifestação do Real desvelado na linguagem. Esse caráter está presente na literatura brasileira em obras como Memórias Póstumas de Brás Cubas, Grande Sertão: Veredas, Avalovara, Lavoura Arcaica, entre outras, que incorporam o tempo como elemento trágico, entendido não apenas no sentido do catastrófico, mas, sobretudo, sob seu aspecto criativo e ontológico na manifestação do real e de sua ambigüidade poética: o homem no tempo e o tempo do homem.

Palavras-chave: Tempo. Trágico. Romance Brasileiro.




A CONSTRUÇÃO DO TEMPO NO “RETÁBULO DE SANTA JOANA CAROLINA”, DE OSMAN LINS

Andréa Gabrielly Araújo CARDOSO
Pedagoga pela UFPA
Curso de Letras Habilitação em Língua Portuguesa / UFPA
Pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem

Décio Jorge dos Reis SANTOS
Curso de Letras Habilitação em Língua Portuguesa / UFPA

Orientador: Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz
           
A comunicação que se fará versa sobre o “Retábulo de Santa Joana Carolina”, que integra o livro Nove, Novena, de Osman Lins. Tal narrativa é construída como um retábulo, forma pictórica ou escultórica, em pedra ou madeira esculpida, que se coloca na parte posterior do altar, trazendo imagens que contam a vida dos santos. Joana Carolina, a protagonista, tem a sua vida contada, do nascimento à morte, em Doze Mistérios. Em cada mistério há um acontecimento marcante da vida da protagonista, e as estratégias narrativas conduzem à sacralização da personagem. Assim como na forma artística do retábulo, os eventos narrados não obedecem a uma linearidade. Eles são apresentados de modo simultâneo, fundindo passado, presente e futuro. O objetivo desta comunicação é percorrer a questão do tempo, verificando como ele é elaborado na narrativa, e como ele faz aparecer aos olhos do leitor um universo sacralizado.


Palavras-chaves: Sagrado. Tempo. Narrativa.

PERDIDOS E ACHADOS: OS CAMINHOS DA NARRATIVA EM OSMAN LINS

Mayara Lopes LA-ROCQUE
Curso de Letras Habilitação em Língua Francesa / UFPA
Pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem
Orientador: Profº Drº Antônio Máximo Ferraz

            A obra literária é, em sua essência, um ser dotado de vida própria e dinamicidade autônoma, jamais pode ser aceita como mero objeto que o sujeito manipula e analisa. O objetivo dessa comunicação é propor um diálogo acerca da narrativa “Perdidos e Achados”, que integra o livro Nove, Novena, de Osman Lins, entre-abrindo caminhos para escuta da Linguagem que subsiste no texto em suas infinitas formas de manifestação do Real. Isto é possível perceber no próprio processo de construção da narrativa, permeada pelas Questões do Tempo, da Morte e da Vida como Ações Originárias que excedem o homem na experiência de suas perdas e buscas. A trama se origina em uma Voz que fala diante da imensidão dos desígnios do Céu, da Terra e da Presença do Mar, discorrendo sobre as transformações geológicas das Eras. Tais transformações intercalam-se na vivência de um pai, que por descuido ou distração, perde de vista, na praia, o seu filho, e assim se lança à pro-cura. Nesse processo interferem outras vozes, outros personagens identificados por símbolos, que narram suas próprias realidades de perdas e buscas, enquanto assistem ao desespero desse pai. O que esses personagens pro-curam em meio ao vazio da ausência e a evocação constante da presença é o próprio centro de aflição do Ser; é o ponto propulsor criativo do percurso que o homem trilha dos caminhos elípticos da narrativa aos caminhos concêntricos de si mesmo.

Palavras Chaves: Linguagem. Procura. Homem.

MESA 2: A CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA


A EVOCAÇÃO DE EROS EM “OS CONFUNDIDOS”, DE OSMAN LINS

Thaís de Nazaré Sarmento da SILVA
Curso de Letras Habilitação em Língua Inglesa / UFPA
Pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem
Bolsista de Monitoria / PROEG
Orientador: Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz

A partir da narrativa “Os confundidos”, que integra a obra “Nove, Novena” (1966), de Osman Lins, investigamos o Amor como uma questão que em nós se destina e que é possibilidade de construção mesma da existência humana. Ressaltamos, entretanto, que como questão autêntica que é não poderá ser resolvida, mas percorrida em seu sentido. Empreenderemos um diálogo com o “O Banquete”, de Platão, especialmente aludindo ao Mito do Andrógino e ao Eros mencionado na fala de Sócrates. A narrativa de Osman Lins remete-nos à experiência amorosa entre um homem e uma mulher que convivem há cerca de oito anos e vivenciam a perda de suas identidades dentro de um relacionamento mediado pela mutualidade dos sentimentos de insegurança, desconfiança e ciúme. Ambos estão sufocados pelos desejos de posse sobre o outro e pela dependência afetiva. O mal-estar é latente, porém eles permanecem numa união que obsta a busca por si próprios e pelo outro. A obra não se limita a falar da confusão de identidades entre os personagens: tal confusão, que dá nome ao título, é levada para o próprio plano da construção da narrativa. Valendo-se de recursos composicionais, o leitor é inserido na experiência concreta da troca e da perda de identidades dos personagens.

Palavras-chave: Eros. Identidade. Construção da narrativa.



AVALOVARA: ENCONTROS, PERCURSOS, REVELAÇÕES

Édne Wagner Ribeiro MAUÉS
Curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa / UEPA
Pesquisador do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem
Pesquisador do CUMA (Culturas e Memórias Amazônicas)
Orientador: Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz

Esta proposta se insere nos estudos do “Núcleo Interdisciplinar Kairós – pensamento da arte e da linguagem” sobre a obra Avalovara de Osman Lins (1973), com o interesse de expor o pensamento osmaniano sobre a linguagem e a apresentação da pesquisa sobre criação literária deste autor. Entender os aspectos formais de que Osman Lins se utiliza para gerar seu objeto estético é compreender toda uma forma de pensamento que impregnou os artistas do século XX, em especial os romancistas, com o que hoje se costuma designar “Romance moderno”. A “consciência moderna” se caracteriza pela preocupação com a complexidade de sua própria forma, com o desejo de libertar o romance de suas limitações anteriores, e com a representação de estados íntimos de consciência. Osman Lins reconhece o problema capital do escritor de ser a ficção o meio sempre renovado e sempre inadequado de que dispõe o artista para sua criação. Por isso, entender/amar a linguagem, trabalhar o texto e propor uma nova forma de construção é, em Avalovara, uma maneira inovadora e moderna de interpretar o real. Para que isto percebamos, interpretaremos o capítulo “A espiral e o quadrado”, do citado romance, que revela, de maneira exemplar, a consciência moderna na criação estética.


Palavras – chave: Linguagem. Criação. Avalovara.



AVALOVARA: O HOMEM E A OBRA DE ARTE

Harley Farias DOLZANE
Curso de Letras Habilitação em Língua Inglesa / UFPA
Advogado formado pela UNAMA
Pesquisador do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem
Bolsista PIBIC/FAPESPA
Orientador: Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz

            Este estudo objetiva interpretar Avalovara de Osman Lins, obra constituída do entrelaçamento de oito diferentes narrativas, estruturadas a partir de três elementos: o palíndromo latino, um quadrado subdividido em quadrados menores que comportam, cada qual, uma letra do palíndromo, e uma espiral inscrita sobre o quadrado maior, de modo que, sua linha, atravessando cada quadrado menor, a intervalos regulares, é o que determina o desenvolvimento da narrativa. Na interpretação articula-se a questão do trágico como dinâmica de velamento do real que se dirige ao homem para a construção de sentido, que se destina no homem como Linguagem, ou seja, o silêncio que demanda a realização não só do texto literário, mas também do texto de sua própria existência. Neste sentido, para o protagonista Abel – um escritor em torno do qual giram as várias narrativas – esta mesma questão revela-se na busca pela plenitude criativa em seu fazer literário. Da mesma forma, a partir das reflexões sobre o fazer literário trazem à tona a tragicidade, em um constante jogo entre o Destino e a Liberdade, o Espaço e o Tempo, o Limite quadrático e o Ilimitado espiralar. O trágico também surge no desempenho de cada personagem da obra, vez que estão todos lançados numa travessia de autoprocura que lhes solicita uma constante (re)elaboração criativa da existência como a própria possibilidade de realização do humano. Portanto, é possível estabelecer uma correlação entre o homem e a obra literária, de modo a dizer que ambos são ficcionais: seus sentidos são construídos na Linguagem, num diálogo entre diversas narrativas que se entrecruzam para constituir o tecido da existência. O Homem, a Obra de Arte: Textos constituídos de vários outros textos, como o pássaro imaginário que se constitui de outros pequenos pássaros e cujo nome, não à toa, é o próprio título do livro.


Palavras-chave: Trágico. Existência. Obra de Arte.