Projetos de Pesquisa


O herói trágico em Ser e Tempo, de Martin Heidegger (2020 - em curso)

RESUMO:

O projeto se interroga de que modo e em que medida a analítica existencial do Dasein, empreendida por Martin Heidegger em Ser e Tempo, permite a compreensão do heroísmo e do trágico, este entendido não como o funesto ou catastrófico, mas em sua dimensão ontológica, caracterizada pela luta do humano com os limites de sua mortalidade, vocacionando-o, neste embate, à escuta da ação ilimitada das questões na travessia de realização de sua humanidade.



O educar poético e a existência como obra de arte em Ser e Tempo,  de Martin Heidegger (2018 - 2020)




RESUMO:


O projeto “O educar poético e a existência como obra de arte em Ser e Tempo, de Martin Heidegger”, tem como objetivo verificar de que modo o educar poético se relaciona diretamente com a existência humana, entendida não como um dado meramente vivencial, mas como obra de arte, isto é: o edificar poético da existência. Para tanto, propomos o diálogo com uma das principais obras da Filosofia Moderna, Ser e Tempo (Sein und Zeit). Neste livro, o filósofo alemão Martin Heidegger desenvolve a questão do Sentido do Ser através da analítica existencial do Dasein. É da ação originária do Ser, a qual chamamos de poiésis, que surge tanto a obra de arte quanto a existência. Desde sempre o homem está lançado no livre aberto do Ser. Por isso, sua existência é uma edificação de sentido das questões que o constituem enquanto tal, do mesmo modo que a arte. Daí ser possível compreender o existir como uma obra de arte.



O educar poético e a obra de arte
(2016 - 2018)




RESUMO:

O projeto "O educar poético e a obra de arte" tem por objetivo pesquisar a formação do humano (paidéia) a partir do diálogo com o fenômeno artístico. Para tanto, contrapõe a educação conceitual, substantiva, entificada, ao educar pela travessia das questões, que é verbal, não no sentido gramatical, mas ontológico, de ação do Ser. Esta ação é a que anima a poiésis, entendida como o agir originário das questões que, como tais, jamais se esgotam em conceitos. Percorrendo as questões enfrentadas pela filosofia da arte, rejeita-se a teoria como estruturação prévia da prática interpretativa e propõe-se a obra de arte como instauradora de sua sua própria teoria e poética, como instauradora de mundo. Com isso, espera-se livrar a arte dos conceitos metafísicos impostos pela estética e pela tradição metafísica e mimética. O que importa é que os participantes do projeto, na travessia das questões postas em obra pela arte, manifestem sua criatividade, originalidade e diferença, mas sempre em diálogo com a unidade ontológica das questões.



Teoria da Literatura: a poética das obras e a crítica (2014 - 2016)




RESUMO:


O projeto se propõe a refletir sobre a questão central da Teoria da Literatura – a literariedade –, de modo a buscar uma superação dos conceitos que a ela as tradições metafísica e mimética impuseram. Trata-se de ir além de uma determinação meramente formal da literariedade, permitindo que a obra se manifeste em sua verdade, como poiésis, livre de conceitos prévios. Para isto se alcançar, impõe-se a compreensão do exercício crítico como diálogo com a poética e a teoria que as próprias obras, a partir de si mesmas, instauram. O objetivo de tal proposta é o de que o intérprete, em diálogo com a obra, encontre o caminho para realizar uma efetiva travessia não somente pelas questões da arte, mas pela questão que ele próprio é.



A Obra de Arte e o Pensamento Poético-Originário (2012 - 2014)




RESUMO:


A concepção usual é a de que a arte tem origem no artista, representando suas ideias e sentimentos. Como o artista vive em uma época, a obra de arte também seria, assim se crê, a representação do contexto histórico em que surge. Tais concepções se prendem a uma visão da arte que a toma como mímesis, compreendida como imitação de algo a ela anterior. Este modo de encarar a arte não lhe concede seu vigor criador, pois ela é vista como cópia de algo que tem existência prévia, e não como a irrupção do que ainda não existe. A maneira como a arte costuma ser pensada decorre da assim chamada tradição mimética, que é o modo como o termo mímesis veio sendo interpretado pela tradição filosófica, como imitação. A matriz desse entendimento está na concepção da verdade como adequação entre o juízo que se formula sobre as coisas e as próprias coisas (veritas est adaequatio rei et intellectus). O pensamento é tido como representação de pressupostos teóricos que embasam o juízo verdadeiro. A arte, nesse diapasão, é vista como o ficcional, o contrário do real e da verdade. Procurando reconhecer o poder criador que a arte por si só já tem, o projeto de pesquisa resgata a referência ontológica entre a obra de arte e a verdade. Esta é concebida não como um juízo propositivo, mas como o desvelamento de questões, dimensão proposta pela palavra grega alétheia. A arte não é o ficcional contraposto ao real e à verdade, mas o acontecer das questões, manifestando-as na obra. Sua ficcionalidade é a da plasmação do real, conferindo-lhe sentido. Tal modo de pensar a arte é poético-originário, pois vê a obra como doação da poiésis, a qual não tem origem no homem, mas a ele se dirige por ação originária do velamento da realidade, da própria alétheia. O que se espera com o projeto é contornar os ditames da tradição mimética, recuperando a mímesis em sentido criador, de modo a reconhecer que a arte não é imitação, mas põe a verdade em obra, instaura a sua própria teoria e funda a sua própria época.




O Trágico na Modernidade Literária Brasileira (2010-2012)



RESUMO:


O projeto tem por objetivo verificar como obras escolhidas da modernidade literária principalmente brasileira, sem prejuízo de outras literaturas, elaboram a questão do trágico. No âmbito do projeto, o trágico não se esgota em sua acepção comum, a de evento funesto. Ele é percebido como uma questão que, acolhida pela linguagem (logos), o real (phýsis) dirige ao homem em seus percursos de realização. Tal questão, que está na origem da tragediografia clássica, mas que nela não se esgota, dá acesso à compreensão da dinâmica criadora em que toda existência está lançada, a do interlúdio entre a arkhé (origem) e o télos (plenificação), entre o destino e a liberdade. Ao procurarmos verificar como o trágico é elaborado nas obras que trazem a linguagem para o proscênio, e que por isso devem ser consideradas modernas, pois instauram um novo modus de interpretar o real, esperamos estar aptos a contornar a imposição de poéticas extrínsecas à obra, de cunho analítico e epistemológico no trato com a arte, em favor de uma postura de ausculta da poética que cada obra intrinsecamente instaura. Tal esforço se põe a caminho da meditação das relações entre poesia e pensamento, apontando para a superação do divórcio entre essas duas esferas, instaurado pela tradição metafísica ocidental.