O NIK-UFPa em sua participação no 18º Fórum Paraense de Letras.
Abaixo os resumos dos trabalhos apresentados pelos pesquisadores. Para acessar o site do evento e baixar o caderno de resumos clique aqui:
COMUNICAÇÕES COORDENADAS
DO NÚCLEO INTERDISCIPLINAR KAIRÓS (NIK)
A OBRA DE ARTE E O PENSAMENTO POÉTICO
ORIGINÁRIO
Antônio Máximo FERRAZ (UFPA)
RESUMO: As comunicações
coordenadas ora propostas, e cujos resumos se encontram abaixo, se inserem no
projeto de pesquisa intitulado “A obra de arte e o pensamento
poético-originário”, coordenado pelo proponente no âmbito do Núcleo
Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da Linguagem (NIK), grupo de
pesquisa em atuação junto à Faculdade de Letras e ao Programa de Pós-Graduação
em Letras da UFPA. No projeto de pesquisa, a obra de arte não é vista como o
ficcional contraposto ao real e à verdade, mas como o acontecer de questões.
Tal modo de pensar a arte é poético-originário, pois vê a obra como doação da poiésis,
a qual não tem origem no homem, mas a ele se dirige por ação originária da
verdade (alétheia), compreendida em uma dimensão manifestativa. Além da
presente comunicação, mais dez comunicações serão apresentadas, divididas em
três Mesas, perfazendo um total de onze comunicações. Elas dialogam entre si,
pois partem de uma perspectiva poético-ontológica da obra de arte. O proponente
será o mediador das Mesas.
Palavras-chave: Obra de arte;
Pensamento; Poiésis; verdade.
Estrutura
das Comunicações Coordenadas do NIK:
A)
Comunicação Inicial: A OBRA DE ARTE E O PENSAMENTO POÉTICO-ORIGINÁRIO
Comunicante:
Prof.
Dr. Antônio Máximo Ferraz
B) Mesa
1: A REALIDADE COMO FICÇÃO
Comunicantes:
Alberto Amaral e Cássia Costa;
Harley
Farias Dolzane;
Amanda Ariana Silva da Silva;
Alan
Ferreira Costa.
C) Mesa
2: ARTE E EXISTÊNCIA: A ANGÚSTIA DO EU NA PROCURA DO PRÓPRIO EM KAFKA,
CLARICE LISPECTOR E GUIMARÃES ROSA.
Comunicantes:
Marco Felipe de
Oliveira Peixoto;
Alberto
Amaral e Cássia Costa;
Afonso
Rian Moreira da Costa.
D) Mesa
3: DIÁLOGO E ABERTURAS A PARTIR DA POESIA DE ALBERTO CAEIRO, OLGA SAVARY,
DULCINÉA PARAENSE E MAX MARTINS.
Comunicantes:
Maria Madalena
Felinto Pinho;
Andréa Jamilly
Rodrigues Leitão;
Thiago de Melo
Barbosa.
RESUMOS:
MESA
1: A REALIDADE COMO FICÇÃO
A QUESTÃO DO DESDOBRAMENTO DO EU
NO CONTO “O ESPELHO” DE MACHADO DE ASSIS
Cássia
COSTA (UFPA)
Alberto
AMARAL (UFPA)
Orientador: Prof. Dr.
Antonio Máximo Ferraz (UFPA)
RESUMO: O
presente trabalho tem como objetivo interpretar o desdobramento do eu no conto
“O espelho”, de Machado de Assis. O
desdobramento será interpretado através da manifestação do logos. Pelo heterodiálogo – o diálogo com o outro – o personagem Jacobina sustenta a idéia de um status
social. O autodialogo – o diálogo consigo mesmo – passa a ser a incorporação
das opiniões alheias. Optamos por desenvolver na comunicação a questão do
desdobramento do eu, ao invés do conceito do duplo, com o qual se costuma
descrever a dinâmica de realização humana. O duplo constitui uma compreensão
dicotômica do mundo: o eu ou o outro, o bem ou mal. O conto supera a tradição
metafísica do verdadeiro contraposto ao falso, e nos sugere a dobra: o homem se
vê (autodiálogo) ao mesmo tempo em que vê a partir do olhar do outro
(heterodiálogo). A dobra é pensada como um jogo de identidades, que coloca o
homem como um desdobramento dele mesmo, a partir do logos. Nas duas
temporalidades em que se articula o conto – Jacobina nomeado alferes, com vinte
e poucos anos, e Jacobina narrador, já com cinquenta –, dão-se a experiência
vivida e o relato da mesma, apontando para a dinâmica metafísica originária do
homem, que é a do questionamento de si
mesmo e do mundo.
AVALOVARA E O ACONTECER DA VERDADE
Harley
Farias DOLZANE (UFPA)
Orientador: Prof. Dr.
Antônio Máximo FERRAZ (UFPA)
RESUMO: A narrativa Avalovara (1973), de Osman Lins, resgata
a referência essencial entre arte e verdade, questionando a tradição mimética
baseada na concepção de arte como cópia do real. No romance, o ficcional não se
opõe ao real: a arte é o próprio acontecer da verdade. Neste sentido,
pretende-se discutir o que são o real e o ficcional, compreendidos na dinâmica
manifestativa da verdade tomada como questão (alétheia), e verificar de que modo Avalovara articula tal questão. Esta comunicação reflete o
andamento do projeto de dissertação “O voo da criação literária: a tessitura
dos elementos da narrativa em Avalovara
de Osman Lins”, em que se pretendem percorrer questões fundamentais subjacentes
ao revestimento conceitual instaurado ao longo da modernidade, sempre buscando
uma abertura para compreender o sentido da obra literária, no modo específico
pelo qual são tecidos os elementos da narrativa em Avalovara.
Palavras-chave: Verdade;
Ficção; Mímesis; Osman Lins
A
BUSCA DO SER NO CONTO “O OVO E A GALINHA”, DE CLARICE LISPECTOR, EM DIÁLOGO COM
O EXISTENCIALISMO DE JEAN- PAUL SARTRE.
Amanda Ariana
Silva da SILVA (UFPA)
Orientador: Prof. Dr.
Antonio Máximo Ferraz (UFPA)
RESUMO: O presente
trabalho pretende estabelecer um diálogo entre o conto “O ovo e a galinha”, de
Clarice Lispector, e o Existencialismo de Jean-Paul Sartre. Nesta perspectiva,
o homem primeiro existe, se descobre, surge no mundo, e só depois se define.
Por isso, se pode considerá-lo um projeto, o qual se baseia na busca do ser,
mesmo que este seja subjetivo, de onde provém o paradoxo que nos apresenta
entre o que somos para outrem e o que somos para nós mesmos. Baseado neste
subjetivismo, considera-se que o homem não tem a capacidade de ultrapassar a
sua própria subjetividade. Partindo dessa concepção, interpretaremos o conto “O
ovo e a Galinha”, de Clarice Lispector, no sentido de observar como, nele, se
dá a procura do eu. Este tema, tão presente no conto, também é caro ao
existencialismo, uma vez que a formulação proposta por Sartre tem como objetivo
justamente a procura do eu.
Palavras-chave: Clarice
Lispector; Existencialismo; Jean-Paul Sartre; Essência
A QUESTÃO DO
REAL NA NARRATIVA FANTÁSTICA
Alan
COSTA (UFPA)
Orientador: Prof. Dr.
Antônio Máximo FERRAZ (UFPA)
RESUMO: Com o
progresso da educação tecnocientífica, houve uma grande mudança na forma de o
indivíduo conceber o mundo e a si mesmo. Tal indivíduo move inconscientemente a
sociedade como uma máquina, dispondo somente de uma técnica. Mas a inquietude do homem sobrevive frente ao
desconhecido, que carrega dentro de si uma instabilidade essencial: não há um
abismo entre o real e o irreal, mas, sim, elos. Tal visão se reflete
imediatamente nas artes, como, por exemplo, no gênero fantástico, que destaca a
hesitação diante de um acontecimento, entre uma explicação do mundo real,
científico, e do mundo sobrenatural. Mas acreditar se algo é ou não real nos
leva a questionar o que é esse real. Proponho, com este trabalho, pensar na
narrativa fantástica para além das limitações dos gêneros literários, trazendo
para a cena questões inerentes à arte: o que são o homem, o mundo e o real?
Palavras-chave: Narrativa
fantástica; Real; Insólito
Mesa
2: ARTE E EXISTÊNCIA: A ANGÚSTIA DO EU NA PROCURA DO PRÓPRIO EM KAFKA, CLARICE
LISPECTOR E GUIMARÃES ROSA.
A ANGÚSTIA COMO
REPRESENTAÇÃO DO INSETO DE KAFKA
Marco
Felipe de Oliveira PEIXOTO (UFPA)
Orientador: Prof. Dr.
Antônio Máximo FERRAZ (UFPA)
RESUMO: A presente
comunicação tem o objetivo de interpretar, sob a perspectiva existencialista da
angústia, a figura do inseto em que Gregor Sasma se transforma, no conto “A
metamorfose”, escrito em 1912 pelo tcheco Franz Kafka. Tentar-se-á expor como
os indivíduos do conto são agredidos psicologicamente ao serem colocados em
situações de impasse, fazendo a angústia ser elemento decisivo na trama. No
texto, a angústia não só transforma o homem e o modela, como também o
categoriza, dando-lhe forma e intenção, ou seja, uma representação. No centro
destas transformações, encontramos a figura do inseto, o qual é, sem dúvida,
não somente a personificação do ser angustiado, como também a metáfora da
mudança que assola não só a si, como os demais a sua volta.
Palavras-chaves:
Metamorfose;
Angústia; Kafka; Existencialismo
NO LIMIAR DA EXISTÊNCIA: ROSAS E ANGÚSTIA NA POÉTICA
DE CLARICE LISPECTOR.
Alberto
AMARAL (UFPA)
Cássia
COSTA (UFPA)
Orientador: Prof. Dr.
Antonio Máximo Ferraz (UFPA)
RESUMO: A Literatura,
como arte da palavra, pode ser entendida como um acontecimento da linguagem,
tomando o homem como questão. Do mesmo modo, a Filosofia reflete um
acontecimento do pensar. Ambas mostram que é possível o caminho do saber e,
assim, revelam-se como duas perspectivas que podem ser cogitadas,
sustentando-se no próprio homem. A presente comunicação propõe o diálogo entre
Literatura e Filosofia. Tomamos como ponto de partida o conto “A imitação da
rosa”, pertencente à coletânea Laços de
Família, de Clarice Lispector. Para tanto, recorremos ao diálogo com o
pensador alemão Martin Heidegger e suas reflexões acerca do Ser. No conto, o
sentimento de estranheza que perpassa o Ser da personagem Laura encontra
ressonâncias com o que Heidegger concebeu como angústia. Transitando pela
confluência de tais leituras, pretendemos trazer à luz um caminho
interdisciplinar para a interpretação do conto clariciano, destacando suas
possíveis aproximações com o pensamento de Martin Heidegger.
Palavras-chave: Clarice
Lispector, “A imitação da rosa”, Martin Heidegger, angústia
“A VOLTA DO MARIDO PRÓDIGO”, DE JOÃO GUIMARÃES ROSA:
A TEATRALIZAÇÃO
DE UM DRAMA
Afonso
Rian Moreira da COSTA (UEPA)
Orientador: Prof. Dr.
Antônio Máximo FERRAZ (UFPA)
RESUMO: A narrativa “A
volta do Marido Pródigo”, de João Guimarães Rosa, é conduzida por uma estrutura
teatral, em que o autor dá diversas indicações do rompimento de uma narração
convencional, tais como os “à parte” (cochichos entre os personagens) da
indicação de fechamento do primeiro ato, bem como o encerramento do conto, ao
estilo de uma farsa (com tom burlesco e, ao mesmo tempo, decadente). Além
disso, o titulo alude à parábola bíblica do “O filho pródigo”. Esta parábola
perpassa a temática o conto: Lalino Salathiel (O laio) deixa a sua mulher com
um espanhol (Ramires), para viver uma vida de aventuras sonhadas, as quais
contava para todos como verdadeiras. Ao desiludir-se, volta à localidade e pretende
retomar sua esposa, do mesmo modo como o filho da parábola, que deixa seu pai e
retorna arrependido. Desse modo, o presente trabalho pretender realizar uma
interpretação sobre a questão na qual todos os homens estão imersos: “A busca
da felicidade”.
Palavras-
Chaves:
Guimarães Rosa; teatro; liberdade; felicidade; drama
Mesa 3: DIÁLOGO E ABERTURAS A PARTIR DA POESIA DE ALBERTO CAEIRO, OLGA SAVARY,
DULCINÉA PARAENSE E MAX MARTINS.
POR UMA EDUCAÇÃO
PELO FOGO:
O ARQUÉTIPO
ÍGNEO NA POESIA DE ALBERTO CAIEIRO
Maria
Madalena Felinto PINHO (UFPA)
Orientador: Prof. Dr.
Antônio Máximo FERRAZ (UFPA)
RESUMO: A epistemologia
não-cartesiana de Bachelard (1979) instaura a concepção de uma nova perspectiva
científica e filosófica aos elementos tradicionalmente inseridos no âmbito das
ciências clássicas. Para além do filósofo, há o estudioso do imaginário
poético. Em consonância com o horizonte desse “novo espírito científico”
(BACHELARD,1934), propomos um diálogo com o autor da “psicanálise dos
elementos” (La Psychanalyse du Feu, 1938) e o poema “O Guardador de
Rebanhos”, de Alberto Caieiro (Fernando Pessoa). A pesquisa, de caráter
exploratório, centrou-se na dimensão metafórica do fogo que atiça e apaga
lembranças, o qual queima a matéria superficial para que brote a via poética
que leva o coração do homem ao coração das coisas. O fogo seria, deste modo, “a
essência da vida poética em direção à unidade primordial” (CESAR, 1996). Como
Caieiro, quem experimentou o pasmo diante da eterna novidade do mundo.
Palavras-chave: Fogo; Símbolo;
Essência
AS FIGURAÇÕES DO CORPO NA POESIA DE DULCINÉA
PARAENSE E OLGA SAVARY
Andréa
Jamilly Rodrigues LEITÃO (UFPA)
Orientador: Prof. Dr.
Antônio Máximo FERRAZ (UFPA)
RESUMO: O presente trabalho constitui uma nova compreensão acerca do corpo e
suas inter-relações com a sexualidade e a experiência amorosa, em diálogo com os poemas “Inquietude”, de Dulcinéa
Paraense, e “Acomodação do Desejo I”, de Olga Savary. O percurso interpretativo
pretende explorar a referência à sacralidade primordial da cópula ritual
e do acontecimento da hierogamia Céu-Terra (ELIADE,
2001), cujos elementos simbólicos da água e da terra encenam o próprio
envolvimento carnal dos amantes. Neste sentido, a
comunhão amorosa opera uma aproximação entre o ser humano e a sua origem, como
uma legítima possibilidade de reconciliação com a natureza (PAZ, 1994). Em meio
à dinâmica cíclica e incessante da natureza, a experenciação do amor, a partir
da sexualidade, reconduz o homem às suas raízes telúricas, à sua morada
originária, na medida em que reconhece e ressalta o seu próprio corpo enquanto humus, “terra”, transfigurando-se nas
forças vitais do mundo natural.
PALAVRAS-CHAVE: Corpo;
Sexualidade; Origem
DIÁLOGO ORIENTE-OCIDENTE NA POESIA DE MAX MARTINS:
UMA CONVOCAÇÃO
AO SILÊNCIO
Thiago
de Melo BARBOSA (UFPA)
Orientador: Prof. Dr.
Antônio Máximo FERRAZ (UFPA)
RESUMO: A conversa, ou
melhor, o “diálogo antropofágico” entre a poesia e o pensamento orientais e a
obra de Max Martins é um fato, um tema palpável dentro da poesia deste autor, vide,
por exemplo, as várias referências ao Zen Budismo presentes nos seus poemas. É
notório, ainda, quando nos pomos à escuta desta poesia, o quanto tal conversa
deságua num entendimento do silêncio como questão, i.é, não apenas como
ausência de som, mas como algo que é essencial ao pensamento e à própria
linguagem. Diante disso, procuram-se, nesta comunicação, verificar, nas
intersecções entre a poesia de Max Martins e o pensamento oriental, os momentos
em que este serve como base para o acontecer, naquela, do silêncio. Em suma,
pretende-se discorrer sobre de que forma o diálogo Oriente-Ocidente auxilia no
autoconhecimento da importância do silêncio para o dizer poético evidenciado
nos textos de Max Martins.
Plavras-chave: Max Martins;
Pensamento Oriental; Silêncio; Poesia
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