COMUNICAÇÃO
1
O
VOO DA CRIAÇÃO LITERARIA:
A
TESSITURA DOS ELEMENTOS DA NARRATIVA EM AVALOVARA,
DE OSMAN LINS.
Harley Farias DOLZANE (UFPA)[1]
RESUMO
A
pesquisa busca uma abertura para compreender o sentido da obra literária imbricada
no mistério da criação artística. Para tanto, pretende verificar e interpretar
a maneira específica da tessitura dos elementos da narrativa em Avalovara (1973) de Osman Lins, a fim de
percorrer questões fundamentais que subjazem no revestimento conceitual
instaurado ao longo da modernidade literária. Em Avalovara, o leitor é encaminhado a um pensamento originário que
resgata a instância poética da prosa, projetando o fazer artístico em uma
dimensão mítica que é linguagem acontecendo em seu silêncio. Dá-se uma
“desnaturalização” da narrativa a partir da construção que o romance faz do
Narrador, Tempo, Espaço, Enredo e Personagens, revelados como questões. Neste
re-velar, o tecido da obra vai se estruturando a cada leitura como que propondo
a todo instante, na costura de cada palavra, na pintura de cada imagem, a
indagação sobre o que é o Homem, o que é o Tempo, o que é o Espaço, qual a Ação
que lhes anima. Com isso, o romance acaba por indagar o leitor sobre que homem
ele é, a que tempo/espaço pertence, e que ação lhe anima. No vigor desse
questionamento é que se insere não só o poder criativo da literatura, mas
também da própria existência humana, possibilitando a experiência concreta de
vôos para além das amarras conceituais e abstrações de cada época.
Palavras-chave: Linguagem. Hermenêutica. Criação literária. Elementos da
narrativa. Osman Lins.
COMUNICAÇÃO
2
OS
ELEMENTOS DA NARRATIVA
NO
“RETÁBULO DE SANTA JOANA CAROLINA”, DE OSMAN LINS
Andréa Gabrielly Araújo CARDOSO (UFPA)[2]
RESUMO
A comunicação que se fará versa
sobre o “Retábulo de Santa Joana Carolina”, que integra o livro Nove, Novena,
de Osman Lins. Tal narrativa é construída como um retábulo, forma pictórica ou
escultórica, em pedra ou madeira esculpida, que se coloca na parte posterior do
altar, trazendo imagens que contam a vida dos santos.
Joana Carolina, a protagonista,
tem a sua vida apresentada, do nascimento à morte, em doze Mistérios. Em cada
um deles, há um acontecimento marcante, que evidencia a trajetória exemplar da
personagem.
Assim como na forma artística do
retábulo, os eventos narrados não obedecem a uma linearidade. Eles são
apresentados de modo simultâneo, fundindo passado, presente e futuro. O
objetivo desta comunicação é percorrer os elementos que compõem a narrativa, verificando
a forma diferenciada com que são construídas no texto.
Palavras-chaves: Retábulo. Mistérios.
Misticismo. Santa. Tempo.
COMUNICAÇÃO 3
“NOIVADO”, DE OSMAN LINS:
REFLEXÕES SOBRE O SER-PARA-SI E
O OUTRO NA DINÂMICA DO TEMPO
Thaís de Nazaré Sarmento da SILVA (UFPA)[3]
RESUMO
A narrativa “Noivado”, de Osman
Lins, integrante da obra Nove, Novena (1966),
evoca o pensamento sobre a questão da liberdade existencial a que somos
dispostos. A liberdade para construção do nosso percurso existencial é a
própria condição de nossa existencialidade. A busca de sentido para o real que
nos dispõe é a abertura poética para o mundo. A poética de Osman Lins, nessa
narrativa, incita-nos a pensar o ser-no-mundo que é o homem, em busca da
realização existencial, da realização do sentido das coisas, projetos, ações,
pensamentos. Realizações que por ora escolhe e às quais valoriza, fazendo,
assim, o seu destino, no decurso do tempo, sem, contudo, estar isento dos
enganos, sobre as coisas e sobre si mesmo. Ao perceber o engano, é possível
mudar, se o homem puder se permitir essa mudança – é possível compreender que o
real está sendo e que o homem está sendo também, e é do próprio homem a
responsabilidade pelo que faz de si mesmo.
A narrativa traz a estória de Mendonça e de
Giselda, personagens que constituem um noivado de 28 anos, mas que têm suas
vidas separadas pelas escolhas que fizeram nesse percurso. A busca de ser o que
se é – no caso de Mendonça, a sua vida, profissional, social, afetiva – foi uma
escolha pela plenitude no isolamento, ensimesmando-se nas veredas do tempo e
negando-se a compartilhar suas experiências e sentidos com o outro, fossem os
amigos do trabalho ou um relacionamento amoroso que pudesse fecundar sua vida,
preenchendo-a de sentido, como acontece com aqueles que se deixam acolher pelas
relações amorosas salutares, nas quais Eros purifica a alma. Giselda também tem
que escolher por si, cuidar de si, porém seu olhar está voltado à Mendonça e
não a si mesma. O “noivado” entre os personagens pode ser lido como metáfora de
um noivado do próprio homem com seu destino, como um espaço de tempo no qual
buscamos nos fazer a nós mesmos. Tempo de plantar.
O empenho dessa comunicação será o
de propor o diálogo entre a narrativa “Noivado” – no que tange às questões da
liberdade e da consciência do outro, na dinâmica do tempo – e o texto O existencialismo é um Humanismo, de
Jean Paul Sartre, que versa sobre as mesmas questões suscitadas em Lins, porém
em linguagem filosófica, tratando do Ser-para-si, da liberdade e do outro.
Ressaltaremos, ainda, como os elementos composicionais na obra de Osman Lins
extrapolam a tessitura tradicional das narrativas naturalistas e realistas, ao
evidenciar a realidade da linguagem na trama poética. Em razão da própria
construção da narrativa, um enredo aparentemente simples se expande, convocando
o leitor a fazer o percurso sobre o sentido das questões que o texto evoca, e
que compõe o complexo horizonte poético de Lins.
Palavras-chave: Osman Lins. Ser-para-si. Outro.
Liberdade. Tempo.
COMUNICAÇÃO 4
A
MARCHA TRÁGICA DO HOMEM PELA EXISTÊNCIA:
“PENTÁGONO
DE HAHN”, DE OSMAN LINS
Andréa
Jamilly Rodrigues LEITÃO (UFPA)[4]
RESUMO
“Pentágono de Hahn”
é a terceira das nove narrativas que compõem a obra Nove, novena (1966), do escritor pernambucano Osman Lins. Esta obra
moderna e vanguardista rompe com o modo tradicional de narrar, apresentando um
alto grau de experimentalismo que se manifesta na dissolução da linearidade, na
temporalidade em crise, na tendência ao apagamento do narrador, no uso de
símbolos gráficos para representar personagens, na presença de monólogos
interiores, no questionamento do ato da escrita.
A narrativa centra-se na elefanta Hahn, que
estabelece um elo sagrado e originário entre cinco personagens, cujas
experiências existenciais estão intrinsecamente interligadas pelo animal: o
celibatário, a criança e seu papagaio, a senhora idosa, a jovem e seu amor
incompreendido, o homem e suas lembranças. O entrelaçamento das cinco
personagens em torno do animal faz aparecer, assim, a figura geométrica de um
pentágono. Cada personagem, identificada pelo seu respectivo símbolo, assume a
voz narrativa em primeira pessoa, meditando sobre acontecimentos de suas vidas,
que giram em torno da chegada de Hahn com o circo à cidade.
Na comunicação,
propomo-nos a acompanhar como a narrativa figura a marcha trágica pela existência, em que o homem, livre e irremediavelmente
entregue ao mundo e suas questões, depara-se com a finitude e com a sua
condição fatal de estar entre as
coisas, a elas tendo de conferir sentido, em meio a contradições: o celibato e
a realização amorosa plena; o mundo infantil e o mundo adulto; a pressão social
e o desabrochar do amor independente da idade; a recordação do passado e a
exigência imediata do presente.
Acompanharemos,
também, como a narrativa “Pentágono de Hahn” realiza uma vasta reflexão acerca
da própria prática da escrita enquanto (des)velar de sentidos, uma vez que a
potencialidade criadora da linguagem impulsiona vitalmente a revelação e a
transfiguração de realidades.
Palavras-chave: Trágico. Modernidade
literária. Osman Lins. Nove, novena.
COMUNICAÇÃO
5
“UM PONTO NO CÍRCULO”:
A UNIDADE DA LINGUAGEM NA NARRATIVA DE OSMAN
LINS
Mayara Lopes de LA-ROCQUE (UFPA)[5]
RESUMO
Na
narrativa “Um ponto no círculo”, da obra Nove, Novena (1966), de Osman
Lins, abre-se um quadro de uma pintura ornamentada pelos ares do passado, de
mulheres com seus longos cabelos, adereços e vestígios seiscentistas; de
plantas, musgos e madeiras do século antigo, mas que ainda permeiam o corpo
denso de uma pensão. Esta pensão é o cenário de um jogo amoroso entre um homem
e uma mulher, personagens que não têm nomes, mas que são vivos em cores, em
gestos e em fluxo de consciência, que, por sua vez, retomam, recorrentemente,
as formas e as fulgurações do próprio acontecer existencial do texto.
Em
tom onírico, no texto o sentido do Real é questionado. Sabendo-se que este se
mostra como uma Questão, sempre velando a sua realidade, em cada linha da
narrativa ele pode ser refletido em vários ângulos de múltiplos espelhos de
significados, nunca chegando a uma reflexão conceitual pronta e comedida. “Um
ponto no círculo” escapa da forma unilinear da construção literária, e a própria
linguagem do texto evoca espaços em que sonho e realidade estão entrelaçados,
de tal modo que não se pode mais distingui-los.
É
nesse mesmo acontecer do Real que se expande um círculo entre as personagens e
o acontecer do Tempo, que, em suas inúmeras configurações, se revela na força
dos extremos: na Geometria e na Desordem, no Múltiplo e na Unidade, na força
Feminina e Masculina, no Fluxo da Espiral e do Centro, encontrando, ainda
assim, uma unidade existencial. Unidade esta que corresponde ao mesmo apelo em
toda multiplicidade do acontecer-no-mundo: ao apelo do Silêncio, da Linguagem,
da melodia do Real.
Dentro
dessa perspectiva, o que se pretende na comunicação não é chegar a uma
definição, mas, sim, a um caminho da Linguagem na narrativa, em que se revela a
integração do caráter ontológico da obra literária com a obra do próprio Ser
que somos.
Palavras-chave: Tempo. Existência. Jogo Amoroso. Unidade.
Linguagem.
[1] Graduando do curso de Letras – Língua
Inglesa, bolsista PIBIC/FAPESPA, pesquisador do Núcleo Interdisciplinar Kairós
- Pensamento da Arte e da Linguagem, participante do Projeto de Pesquisa “O
trágico na Modernidade Literária Brasileira”, coordenado pelo Prof. Dr. Antônio
Máximo Ferraz, da Faculdade de Letras da UFPA. E-mail: hfdolzane@gmail.com
[2] Curso de Letras, habilitação em
Língua Portuguesa, pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento
da Arte e da Linguagem, participante do Projeto de Pesquisa “O trágico na
modernidade literária brasileira”, coordenado pelo Prof. Dr. Antônio Máximo
Ferraz, da Faculdade de Letras da UFPA.
[3] Curso
de Letras Habilitação em Língua Inglesa, bolsista de monitoria / PROEG,
pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da
Linguagem, participante do Projeto de Pesquisa “O trágico na modernidade
literária brasileira”, coordenado pelo Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz, da
Faculdade de Letras da UFPA.
[4] Curso de Letras – habilitação em
Língua Portuguesa, bolsista PIBIC/UFPA, pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós – Pensamento da Arte e da
Linguagem, participante do Projeto de Pesquisa “O trágico na modernidade
literária brasileira”, coordenado pelo Prof. Dr. Antônio Máximo Ferraz, da
Faculdade de Letras da UFPA.
[5] Curso de Letras – habilitação em língua francesa,
bolsista de monitoria / PROEG, pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar Kairós –
Pensamento da Arte e da Linguagem, participante do Projeto de Pesquisa “O
trágico na modernidade literária brasileira”, coordenado pelo Prof. Dr. Antônio
Máximo Ferraz, da Faculdade de Letras da UFPA.
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